sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Devaneios Furados XX

Cancela o Devaneios XIX!!! Ontem foi um dia bom... Um dos melhores no mês pra ser sincero... E aquilo que pensei e disse no Devaneios anterior já não me vestem mais no momento... Não que sejam mentiras aquelas palavras... Apena não se encaixam mais no meu coração... Pelo menos, não até o próximo dia ruim.. Mas eu sinceramente espero que ele não venha, ele não tem porque vir... Eu posso impedi-los de vir, sei que posso, e isso não é papo de coach... 

Falei que o luar só trazia uma esperança vã, e não tinha nada de mágico... Nunca estive tão certo e tão errado... O luar realmente não trás nada de mágico... Mas ele nos ensina todo mês a mágica de olhar a parte certa da vida... "Hoje a lua está quase cheia... Mas é linda no quase... Não precisa ter pressa pra chegar lá... O que antecede ainda pode ser muito bom!!!"... Estou citando a mim mesmo num momento de devaneio anterior... E foi exatamente isso que o dia de hoje me ensinou, ou me relembrou... 

Tenho em mim, que talvez não seja a primeira vez que escrevo algo parecido... Mas nossa mente é frenética demais pro seu próprio bem... Ela sempre encontra uma maneira de nos destruir... Autodestruição é mais comuns em humanos que em robôs... Naquele momento, no Devaneios XIX, minha mente havia me destruído... Não foi uma situação, ou um sentimento, foi minha própria mente... "Mas tão fácil como nossa mente nos destrói, as palavras certas vindas da pessoa certa nos reconstroem ainda mais fortes"... Outra autocitação porque ontem foi um dia bom...

E assim vou seguindo novamente... Reconstruído e forte... Tentando não pensar muito no fim do caminho... Aproveitando mais o próprio caminho... Pois a vida pode nos reservar belas surpresas, até mesmo nos momentos que parecem mais dolorosos... Poderia me perguntar se o mesmo aconteceu antes, mas não percebi por focar na dor... Mas esse seria outro erro que busco não cometer novamente... O passado já foi, o futuro está sempre inalcançável, toda e qualquer beleza só pode ser apreciada no presente...



quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Poesia Vazia

Queria escrever versos de amor,
Na solidão me pus à escrever,
Mas nas palavras só se encontra dor,
Amar sozinho é igual a sofrer,
A poesia perde assim seu fulgor,
Fica confusa e difícil entender,
Mas nesse assunto já sou professor,
Após esse verso vou sobreviver.

Devaneios Furados XIX

Admirar o luar quase sempre trás um calor ao coração, uma esperança de que o melhor estar por vir e as coisas vão dar certo. Porém essa esperança sempre se torna vã. Nenhuma melhora vem do prelúdio da lua, E provavelmente de nenhum outro lugar... Toda e qualquer mudança positiva vem de um longo e doloroso processo onde somos os únicos responsáveis... E não, isso não é um texto de autoajuda...

A esperança é algo cruel... Nos faz crer que algo mágico vai acontecer no fim... Que o sofrimento será recompensado com algo maravilhoso... Mas é tudo uma grande porcaria de mentira... Acasos podem acontecer... Mas nada será por magia, destino ou milagre... Num mundo onde tantos morrem sem conhecer o amor, por que você seria tão superior ao ponto do universo ou seu regente preparar algo especial apenas pra você?

E o pior é saber que sem esperança, sem essa mentira doentia que brota dentro da gente, ficaremos congelados na nossa própria inércia... A maldita esperança que nos trás tanto sofrimento em suas frustrações, é também o que nos move... É o que nos faz buscar o algo melhor... Lutar pelos nossos sonhos, mesmo sendo ridiculamente impossíveis... E é assim que nós causamos as mudanças na nossas vidas... Não o universo ou o o regente do universo, que no máximo te indicam a direção... Nós... Sozinhos, sofrendo, e sem nenhuma garantia que será a mudança que queremos... 

E assim seguimos... Sofrendo... Chorando... Esperando... Mudando... Pelo menos ainda temos o falso alento do luar... 



domingo, 21 de fevereiro de 2021

Primeiro Amor

Foi a primeira vez que a viu em anos, e ela continuava deslumbrante. Seus cabelos ruivos em cachos bem arrumados, muito diferente de quando se encontraram pela primeira vez. Quanto tempo fazia desde aquela primeira vez? Parecia ter sido em outra vida, mas poderia ter sido ontem. É difícil saber ao certo o momento que se conhece o primeiro amor. 

Ele era apenas uma criança do ensino fundamental quando a casa ao lado da sua ficara pronta, para o alívio da sua mãe que reclamava muito da poeira da construção que sempre parava sobre os móveis. Algumas semanas depois eles chegaram, a família Simões, eram três. A mãe, Dona Fátima era como a chamávamos, era uma mulher de pouca estatura com um cabelo loiro que batia nos ombros, muito simpática e sorridente com os vizinhos. O pai, Seu Gusmão, era alto e forte, ostentava uma careca branca que não era comum pra idade dele, e sempre saia cedo e voltava tarde do trabalho, o cansaço por vezes visível em sua expressão. E a filha, Sarah.

Sarah tinha a mesma idade que ele, porém era pouca coisa mais baixa. Cachos ruivos se avolumavam sem nenhum controle sobre a cabeça, os olhos verdes sempre demonstrando uma sagacidade incomum pra idade, os lábios formavam um coração rosado que guardava um sorriso capaz de derreter um iceberg. E ao vela se mudando pra casa vizinha, já sentia uma felicidade no peito que levara anos pra perceber que se tratava de estar apaixonado.

Não demorou muito pra ele e Sarah se tornarem bons amigos. Frequentavam a mesma escola, inclusive era comum estarem na mesma classe. À tarde, por obrigação, faziam o dever de casa e depois iam brincar juntos. Sarah costumava brincar com os outros meninos da rua com mais frequência do que com as outras meninas. Ela dizia não ter paciência para as brincadeiras de meninas. Sarah vivia com o rosto e as mãos sujas, além de ser comum vê-la com escoriações nos joelhos e cotovelos. As mulheres da vizinhança diziam que ela parecia mais um menino que uma menina.

Para ele nada disso importava, Sarah se tornou rapidamente sua pessoa favorita. Queria estar sempre com ela, e tentava aproveitar os momentos juntos pelo maior tempo possível. E quando os hormônios vieram, passou a olha-la de uma maneira nova, e os imaginava nas cenas apaixonadas que via nas novelas. Mas foi após assistir um filme que tomou uma decisão e pediu ao seu pai para lhe colocar numa escola de musica, para aprender a tocar violão.

Meses se passaram, sua dedicação era visível e todos os adultos o elogiavam por aquilo. Mas a dedicação não era pelo amor à musica, ou ao instrumento em si. Ele tinha um plano, e decidira que seria daquela forma que o executaria, e assim mergulhou de cabeça no novo aprendizado com apenas esse objetivo em mente, focado no momento que em breve chegaria, e chegou na primavera seguinte.

Ele queria que tudo fosse perfeito, e planejou tudo com antecedência. Os meses de dedicação garantiriam que não estragasse nada naquele momento. E assim, naquela manhã de sábado, bateu na porta dos Simões e chamou Sarah para brincar como de costume. Ela saiu e mostrou certo espanto ao ver o violão que o garoto trazia consigo, mas não o questionou e o seguiu na expectativa das brincadeiras do dia. e assim foram pro jardim da igreja, que era grande e pouco movimentado, 

Ele a levou até um banco do jardim, pegou o violão, e com as mãos suadas e tremulas começou a tocar a música que tanto ensaiara, o motivo pra toda sua dedicação, a música favorita de Sarah, "Let it Be" dos Beatles. Após finalizar a canção olhou no fundo dos olhos verdes dela e se declarou. E para sua alegria, Sarah retribuiu a declaração, pois ela também já gostava dele de uma forma diferente. A alegria estampada em ambos os rostos juvenis era linda de se ver. E assim selaram a maravilhosa descoberta com um beijo, que apesar de não passar de um selinho, fora a melhor coisa que os dois haviam vivido até então.

Na manhã seguinte, ele acordou ainda mais animado. Agora tinha uma namorada, e era a Sarah! Ele estava namorando a menina mais bonita que já viu na vida, e a vida era simplesmente maravilhosa. Mas ao bater na casa de Sarah sentiu que algo não estava certo. A casa parecia sem vida e vazia. Depois de bater mais de três vezes e não ter nenhuma resposta, finalmente Seu Gusmão saiu olhou para cara dele com uma fisionomia nada agradável apenas disse que Sarah não estava lá, antes de bater a porta da casa. Mais tarde descobriu que a Dona Fátima tinha separado do Seu Gusmão naquela noite, e se mudado da casa, levando Sarah consigo.

E assim eles nunca mais teriam se falado até que algumas semanas atrás ele recebeu uma mensagem, Sarah o achara na internet de alguma forma. Eles conversaram bastante online e ela o convidou para aquele momento. E naquele momento, em que ele a vira novamente depois de anos, ela estava deslumbrante. Ela possuía uma beleza natural que era estonteante, e isso só melhorava com toda a produção para o casamento. Sarah era de longe a noiva mais bonita que ele jamais viu e Eleanor era uma mulher de muita sorte por se casar com ela. 

 



sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Devaneios Furados XVIII

Estou no limite novamente! Ele sempre chega em algum momento... Normalmente ele se afasta pelas pequenas doses de alivio que recebo em dias bons... Mas se aproxima em dias ruins, quando minha guarda fica mais baixa e meus pensamentos mais ferinos... E assim só é necessário um pequeno gatilho pra me fazer transbordar... Eu tento evitar, segurar, mas mal consigo esconder... A dor do peito escorre por um rosto triste... 

Eu não queria que acontecesse... Tento convencer minha mente de que não há motivos para tal sofrimento... Mas como convenço meu coração do mesmo? Como posso controlar aquilo que sinto, quando por mais de 20 anos tem sido os sentimentos que me controlam? Como diria Medulla, não sei como parar de amar, e nem sei se devo tentar... Pois o amor tem essa faceta, é ao mesmo tempo aquilo que me destrói e aquilo que me reconstrói, me repara e me indica o caminho... 

Não trocaria tal sentimento por nada, mas não o recomendo à ninguém... A dor no peito é demais, mesmo com anos de vivência, nunca estou realmente acostumado... E não há nada para evita-la... Enquanto houver a peça faltando, haverá a dor... E eu só posso abraçar a dor, deixa-la transbordar, torcer pra que os dias bons retornem logo e confiar que um dia ela não estará mais presente... Mas no momento, apenas cheguei no meu limite novamente... E transbordo...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Bagunça do coração.

Observo pela janela, a beleza das estrelas.
As nuvens são levadas, no vento de incertezas.
A musica tocando, é na caixa ou no coração?
Feliz daquele que transforma, o poema em canção.
Pensamento buscando ela, como sempre se inicia.
A torrente de palavras, chamada de poesia.
Vem do peito o desejo, a vontade incessante.
Desejo de estar junto, a sensação inebriante.
Bagunça de palavras, não faz nenhum sentido.
Impossível transcrever, amor que é transmitido.
Privado do seu cheiro, e também de lhe tocar.
Inveja do cobertor, pois não posso lhe esquentar.
A distância entre nós, deixa a vida mais sombria.
Só queria estar contigo, nessa madrugada fria.
Distância aperta o peito, a saudade faz pressão.
Não importa o quão longe, estás em meu coração.
Perdido como meu sono, não sei mais o que eu faço.
Apenas envio minha alma, para em ti dar um abraço.
Um pouco do meu calor, na esperança que te aqueça.
E todo o meu amor, para que nunca me esqueça.